Segunda-feira, 13 de Outubro de 2008
Espetáculo francês Umwelt, que inicia circuito de festivais brasileiros no 13º FIDR, é destaque na revista Bravo! >> leia matéria completa
Assista um trecho do espetáculo aquiQuatro Mestres e um Prospósito
Coreografias de Maguy Marin, Wim Vandekeybus, William Forsythe e Jiri Kylian chegam ao país neste mês. Cada um a sua maneira, eles mostramo potencial de renovação da dança contemporânea
Ana Francisca Ponzio
Reinventar sempre. Mesmo entre os expoentes da dança, esse é um desafio difícil de vencer. O coreógrafo francês Maurice Béjart (1927-2007), por exemplo, não conseguiu manter o vigor criativo até o fim da carreira. No entanto, ícones de sua produção, como Sagração da Primavera, permanecem, assim como o mito construído em torno da imagem do coreógrafo. A alemã Pina Bausch também se mantém acima do bem e do mal, mas hoje decepciona com peças como Bamboo Blues, que se perde em supérflua visão da Índia. Felizmente, a renovação e a vitalidade seguem na maior parte da produção de quatro coreógrafos que têm obras apresentadas no Brasil neste mês: a francesa Maguy Marin, que está na programação de festivais de dança no país; o belga Wim Vandekeybus, que marca presença na Mostra de Artes do Sesc de São Paulo; e o americano William Forsythe e o tcheco Jiri Kylian, que integram o programa que o Ballet da Ópera de Lyon apresenta na capital paulista.
"Não sei o que se passa com artistas que começam a se repetir, depois de terem sido muito fortes, ricos e criativos. Temo esse perigo, mas tento escapar dele ao iniciar uma nova criação como se estivesse penetrando numa terra estrangeira, sem me servir do instrumental utilizado na obra anterior", diz Maguy Marin a BRAVO!. Nascida em 1951, ela foi da companhia de dança de Béjart no início da década de 1970. Em 1981, firmou-se como coreógrafa ao criar MayB. Nessa obra-prima inspirada na literatura do irlandês Samuel Beckett, ela desmistificava a beleza ideal dos corpos dançantes por meio de personagens grotescos, que interrogavam o sentido da existência coletiva a partir dos estados íntimos de cada um.
Em Umwelt ("ambiente"), que seu grupo traz para o Brasil, Maguy recorreu novamente a Beckett e, mais uma vez, foi saudada como a autora de uma obra-prima. "Acho que MayB tem uma relação muito mais intuitiva com o universo de Beckett. Já em Umwelt, foi a composição de sua escrita que me serviu de base, a capacidade de esse escritor gerar todas as variações possíveis a partir de um texto feito com economia de meios", afirma a coreógrafa. Umwelt não reúne os personagens fantasmagóricos de MayB, que remetiam a uma imagem arcaica da humanidade. Encarnando pessoas comuns do dia-a-dia atual, os bailarinos surgem e desaparecem em meio a espelhos. Em uma sucessão de seqüências curtas, eles repetem ações corriqueiras, como acordar, tomar café, almoçar, limpar o chão. "É como se o mundo fosse uma série de variações sobre a mesma coisa", explica Maguy. "Trata-se de uma peça que não apresenta um movimento dançado, como em outras criações que fiz."
Onde e quando
Umwelt, de Maguy Marin, com a Cia. Maguy Marin. Dia 14, no Festival de Recife (www.dancarecife.blogspot.com). Dia 17, na Bienal de Fortaleza (www.bienaldedanca.com). Dia 25 e 26, no Sesc de São Paulo (tel. 0++/11/3095-9400). Dia 30, no Panorama de Dança no Rio de Janeiro (www.panoramafestival.com). Dia 2/11, no Festival Internacional de Dança de Belo Horizonte (www.fid.com.br).
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