« Quantos seres sou eu para buscar sempre do outro ser que
me habita as realidades das contradições? Quantas alegrias e dores
meu corpo se abrindo como uma gigantesca couve-flor ofereceu ao
outro ser que está secreto dentro de meu eu? Dentro de minha
barriga mora um pássaro, dentro do meu peito, um leão. Este
passeia pra lá e pra cá incessantemente. A ave grasna, esperneia e é
sacrificada. O ovo continua a envolvê-la, como mortalha, mas já é o
começo do outro pássaro que nasce imediatamente após a morte.
Nem chega a haver intervalo. É o festim da vida e da morte
entrelaçadas.»
TEXTOS ON-LINE SUELY ROLNIK
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