

o corpo como laboratório de si
Por Nilson Oliveira
Algumas imagens chegam até nós provocando uma sensação de estranhamento. Pela força indescritível de sua presença, vão cada vez mais atraindo, arrast




Francesca transcorre pela linha que cruza de uma realidade a outra. Nas suas fotos, as linhas estão sempre se encontrando, fabricando dobras, redobras, criando um aberto de possibilidades com a força de uma máquina desejante, que da sua intensidade-corpo, passa para uma máquina-desejo, que, no seu funcionamento, engendrada uma corrente de fluxos, cortes, vultos, peles. Nas suas imagens, há sempre uma pulsação de intensidades operando no seio de um acontecimento: série binária é não linear vazando por todas as direções. O desejo não cessa de efetuar acoplamentos de fluxos, pensamentos, volúpia, sobra, pele. O corpo de Francesca parece amarrado ao seu limite, mas dele escorre uma leveza indescritível. A sua imagem revela-se como uma quase epifania, mas nunca da ordem de um sagrado. Sua imagem atravessa a fotografia como o Monge Negro rasga a retina do jovem Kovrin, conduzindo-o ao seu limite, mas a atração também. Kovrim é atraído a ir, e vai atravessando todos os riscos que implicam esse ir: Kovrin reteve a respiração, seu coração parou de bater e o mágico, extático transporte que há muito tempo esquecera, voltou a palpitar em seu coração. O susto é inevitável. Assim foi Francesca na sua experiência com a fotografia, mas sobretudo, na sua viagem à superfície do corpo. Lembremos Valery: o mais profundo é a pele. Essa foi a sua viagem, ao profundo da superfície, às entranhas da derme. Assim vamos nós ao encontro das suas imagens, numa experiência da sensação e do ver. O susto arderá através das retinas.
Francesca Woodman nasceu em Devem, Colorado, em 1958. Começou a fotografar aos 13 anos. Seu foco de experiências era o próprio corpo. Em Janeiro de 1981 publica o livro “Disordered Interior Geometries”. Uma sema depois, atravessa a janela do seu apartamento.
http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=1764
Home : Colecções : Museu Colecção Berardo
Francesca Woodman ( 1958 - 1981 )
EUA
( Biografia )
Nasceu em Denver (Colorado, EUA) no seio de uma família de artistas (a sua mãe era ceramista e o seu pai pintor). Começou a fotografar por volta dos seus 13/14 anos, adoptando rapidamente a fotografia a preto e branco. Num curto período de tempo, ela produziu uma assinalável e intensa obra. Estudante entre 1975 a 1979 na escola de design de Rhode Island em Providence, obteve uma bolsa de estudo que lhe permitiu passar um ano em Roma no palácio Cenci. Descobre aí a livraria-galeria Maldoror, especializada em surrealismo e futurismo, e realizou a sua primeira exposição individual. De regresso aos Estado Unidos, acaba os seus estudos em Providence, e instala-se a seguir em Nova Iorque. Desenvolve projectos de grande envergadura como os diazotypes (grandes formatos em papel azul e sépia). Desenha sérias maquetes de livros que apresentam as suas fotografias. Só a obra “Some Disordered Interior Geometries” será publicada em 1981, data em que põe termo aos seus dias, com a idade de 22 anos. Deixa mais de 800 provas onde ele própria se põe muitas vezes em cena. Aliás, escreve no seu diário: “Ser fotografada ajuda-me a ser eu mesma.”
http://saisdeprata-e-pixels.blogspot.com/2007/09/francesca-woodman-na-tate-modern.html
Um comentário:
Acabei de conhecer a Francesca e o seu blog tb, adorei, muito legal, estou comparilhando ele no face book, abs
Postar um comentário